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segunda-feira, dezembro 03, 2012

Já fizemos isso um dia.

Onde está minha borracha...
Estou perdida entre entender o que minha professora está dizendo e decifrar os rabiscos de meu caderno. Não é seguro rabiscar tantas letras assim... Isso deveria ser um segredo.
Um pedacinho de papel rosa cai sobre minha mesa. Não preciso olhar para saber de quem é. Desenrolo o papel fino e encontro a caligrafia em caneta roxa de minha melhor amiga.
Você ainda quer ficar com o Lucas?
Surpreendo-me com o bilhete e olho para ela. Ela sorri e me encoraja a responder.
Deslizo minha caneta com os dedos trêmulos.
Por que você está perguntando? Escrevo no bilhete e jogo de volta, tomando cuidado para fugir aos olhos da professora.
Não consigo esperar a resposta. Cada segundo parece uma eternidade.
O bilhete volta para minhas mãos.
Falei com o Junior ontem na aula de educação física, ele me disse que o Lucas quer ficar com você e eu disse que ia perguntar para você. Ele vai estar te esperando depois da aula na praça.
Eu não podia acreditar no que estava lendo. O garoto que tinha seu nome rabiscado em todo meu caderno estava afim de mim.
O que eu faço? Devolvi o bilhete para minha amiga e ela joga de novo em seguida.
Você quer ficar com ele não quer?
Balanço que sim e olho para frente da sala, tentando disfarçar nossa conversa e não chamar atenção da professora. Havia uma grande diferença entre sonhar com Lucas e rabiscar seu nome a finalmente ficar com ele. Havia uma grande distância entre a fantasia e a realidade, entre sonhar e ficar com ele.
Eu não podia decidir uma coisa como essa, era algo que eu queria, mas não ao mesmo tempo. Às vezes eu só queria continuar na fantasia sonhando com ele. Eu devia ter deixado isso mais claro para minha amiga, agora ele sabia que eu gostava dele, e queria tornar minha fantasia em realidade.
Eu não tive mais do que uma hora para criar coragem. Eu não tinha como fugir disso e se fugisse não teria como voltar atrás...
Depois da aula caminhei com pés de chumbo até a saída da escola. Aqueles portões nunca pareceram tão imensos e meu coração tão apertado. Como dar o primeiro beijo com tanta pressão ao seu redor?
O final de tarde dava um clima gostoso e a escuridão que começava a engolir o céu em breve seria meu refugio dos olhos curiosos.
Fechei bem meus olhos e respirei fundo levantei a cabeça e então, eu o vi. Encostado em uma árvore, olhando para mim estava o garoto dos meus sonhos nos últimos oito meses e agora, o garoto que se tornaria realidade...
(...)
Na minha época, os garotos que beijei eram de algum modo e cada qual do seu jeito, especial. Era engraçado o jeito como chegávamos aquele momento. Tínhamos nossos melhores amigos e confidentes, que nos serviam de cupidos e falavam com os melhores amigos de nossos pretendidos e assim esperávamos a resposta e então era marcado e arquitetado. Muitas vezes era atrapalhado, todos em volta assistindo como se fosse algum show especial. CONTRANGEDOR!
Mas se adolescente é isso, é passar vergonha e fazer coisas que não queremos por pressão de nossos amigos, ou talvez fazer coisa que queremos e não temos coragem e as fazemos pelo mesmo tipo de pressão... A graça de ser adolescente é ter licença para experimenta o mundo.

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